Sem Marcelo e Gabriel Jesus, Tite convoca a Seleção Brasileira que jogará dois amistosos este ano e servirá de base para a Copa América e Olimpíadas. Surpresas são dois jogadores do Flamengo, Lucas Paquetá e o goleiro Hugo e os atacantes Pedro, do Fluminense e Everton, do Grêmio
O técnico Tite divulgou a primeira lista de convocados da Seleção Brasileira após a Copa do Mundo. Antes de começar a anunciar os nomes, o treinador esclareceu que tinha montado a lista com no máximo um jogador de cada clube brasileiro, para não enfraquecer demais times que estão em fases decisivas de campeonatos. A exceção foi o Flamengo. Além de Lucas Paquetá, também foi convocado o goleiro Hugo, jovem que não é titular da equipe rubro-negra. Ele tem 19 anos.
As maiores novidades foram os atacante Éverton, do Grêmio, e Pedro, do Fluminense, convocados pela primeira vez à Seleção Brasileira. Também foram convocados os zagueiros Felipe, do Porto, e Dedé, do Cruzeiro, ambos com passagens anteriores pela Seleção, mas que nunca haviam sido lembrados por Tite.
O atacante Andreas Pereira também foi convocado. Desconhecido no Brasil, o jogador tem 22 anos e atua no Manchester United. Além disso, três jogadores titulares durante a Copa do Mundo ficaram fora. O lateral Marcelo, do Real Madrid, o zagueiro Miranda, da Inter de Milão, e o atacante Gabriel Jesus, do Manchester City.
Os jogadores devem se apresentar à Seleção entre os dias 3 e 4 do mês que vem, quando a delegação viaja aos Estados Unidos, local dos dois amistosos.
OS CONVOCADOS
Goleiros
Alisson (Liverpool-ING)
Neto (Valencia-ESP)
Hugo (Flamengo)
Laterais
Alex Sandro (Juventus-ITA)
Fabinho (Liverpool-ING)
Fagner (Corinthians)
Filipe Luís (Atlético de Madrid-ESP)
Zagueiros
Dedé (Cruzeiro)
Felipe (Porto-POR)
Thiago Silva (Paris Saint Germain-FRA)
Marquinhos (Paris Saint Germain-FRA)
Meio-campistas
Andreas Pereira (Manchester United-ING)
Arthur (Barcelona-ESP)
Casemiro (Real Madrid-ESP)
Fred (Manchester United-ING)
Lucas Paquetá (Flamengo)
Phillipe Coutinho (Barcelona-ESP)
Renato Augusto (Beijing Guoan-CHN)
Atacantes
Douglas Costa (Juventus-ITA)
Everton (Grêmio)
Firmino (Liverpool-ING)
Neymar (Paris Saint Germain-FRA)
Pedro (Fluminense)
Willian (Chelsea-ING)
OS DESAFIOS DE TITE
Trabalhar sem carta branca – Tite assumiu uma seleção em crise em 2016. Bombardeado por denúncias envolvendo sua gestão, o ex-presidente da CBF Marco Polo del Nero não quis arrumar mais encrenca e acertou com o único técnico que contava com apoio da torcida. Assim, Tite se viu à vontade para impor seu trabalho. Agora, vai ter de batalhar pela concordância do futuro presidente, Rogério Caboclo, a cada projeto.
Sem unanimidade – O trabalho bem feito nas Eliminatórias fez do treinador uma quase unanimidade. Não é mais assim. Enquete do Estado apontou que o técnico conta com a aprovação de 72% dos torcedores. Nesta quarta, muitas pessoas nas redes sociais criticaram a renovação de contrato do técnico, acusando-o de formar “panelinhas”.
Ser mais pragmático – Além do conhecimento tático, Tite é elogiado por jogadores pelo estilo protetor. O problema é que isso às vezes inclui manter na equipe atletas que estão deixando a desejar – foi assim na Copa do Mundo. Mudar o time pela necessidade urgente do resultado precisa entrar no radar.
Dar espaço à nova geração – Jovens como Vinícius Júnior (Real Madrid), Lucas Paquetá (Flamengo) e Arthur (Barcelona) deverão ganhar uma chance já na convocação para os amistosos de setembro. Além disso, Tite também terá de garimpar novos laterais, especialmente pelo lado direito.
Recuperar jogadores – O técnico terá de recuperar jogadores que foram mal na Rússia e têm potencial para o Catar. Gabriel Jesus é um deles. Além disso, Philippe Coutinho passa por fase de adaptação no Barcelona e, claro, há a questão de Neymar.
Neymar – Tite terá de repensar o tratamento dado ao atacante. O excesso de proteção a ele não ajudou nem se justifica. O mais caro atleta da história deixou de figurar na lista dos dez melhores do mundo. Tite terá papel importante na recuperação.
Líder dentro de campo – Daniel Alves e Thiago Silva foram os mais próximos do que se pode chamar de líder dentro da seleção desde que Tite assumiu. Mas, adepto do rodízio de capitães, o treinador não conseguiu fazer com que um jogador se destacasse nessa função. Dar à equipe um capitão incontestável parece inevitável agora.
Devolver a autoestima – A seleção foi à Rússia como uma das favoritas ao título. Foi assim entre torcedores, foi assim no meio do futebol e foi assim entre a comissão técnica. Mas o futebol aquém do esperado e a queda nas quartas devolveram aquela sensação de que o futebol brasileiro ficou para trás.
Conquistar a Copa América – A competição não tem muito apelo, mas Tite sofrerá grande pressão se não levar o Brasil ao título em 2019. Além de ser disputada no País, a seleção não vence a competição desde 2007.
Encarar os europeus – A Copa do Mundo demonstrou mais uma vez que o futebol europeu está à frente do sul-americano. De nada adiantou o Brasil sobrar nas Eliminatórias se os quatro semifinalistas foram países do Velho Continente. Preparar-se para o Mundial do Catar superando equipes de bom nível da Europa é fundamental.