André Luiz, músico de Herval d’Oeste, no Meio Oeste catarinense, conseguiu algo inédito entre os colegas catarinenses: ter a sua composição Simples Momento gravada na voz de ninguém menos que Ney Matogrosso. O contato com o músico, que foi integrante da banda Secos e Molhados, aconteceu em 2023 e a gravação, uma sugestão de feat vinda do próprio Ney. Na primeira semana de fevereiro de 2024 a música foi apresentada pela primeira vez na 13a edição do Festival Fiato al Brasile, em Faenza, na região da Emília-Romanha, na Itália.
O tema deste ano do festival foi Sal da Terra e levou músicos do Brasil para uma troca musical e de vivências com os alunos da escola de música Giuseppe Sarti, em Faenza, na Itália. Esta já é a terceira vez que André Luiz participa do evento. Desta vez, além de participar como compositor, também regeu a orquestra e o coro, cantou solo em duas músicas, e participou como tenor com o quarteto e no coral da orquestra do festival.
“Essa experiência em Faenza é uma oportunidade muito enriquecedora, já que nós brasileiros pudemos participar de aulas ofertadas pela escola e, pra mim como professor, visualizar a forma da didática traz muitas ideias para a minha prática aqui no Brasil. Mas não só aspectos musicais, a troca, a vivência e acompanhar os costumes com as famílias italianas, amigos que fazemos no percurso, é encantador” – aponta o músico hervalense.
Outras duas composições de André Luiz foram apresentadas aos italianos. Olha a Bruxaria, inspirado em um conto de Franklin Cascaes, acabou originando o curta-metragem com o mesmo nome, realizado pelo músico em 2022. Essa música foi a abertura daquela noite do festival. André Luiz pontua que foi a primeira vez que essa música foi cantada à capela (apenas por vozes), em formato de cânone (diferentes melodias sobrepostas), por um coro infantil.
No vídeo abaixo a interpretação de Olha a Bruxaria.
A terceira música, Alento, foi composta especialmente para o festival, num triste momento quando Santa Catarina vivia um período de muitas chuvas, em outubro de 2023, ocasionando muitos desastres.
“É tão triste ver e não ter voz no próprio chão. E suportar nos olhos lágrimas caindo. Temer por existir, olhes por mim óh mãe terra” (trecho de Alento)
“Para ser mais exato, acordei num dia chuvoso, e no preparo do café leio a notícia que o governador do estado de SC, mandou fechar comportas da barragem dentro do território indígena do povo Xokleng, alagando o território. Esse cenário onde um povo não é escutado, somado às tragédias que já estavam acontecendo por todo estado, me tocaram. Fui até meu estúdio e escrevi a primeira parte da música” – relata André.
“Peço aos céus que não leves de mim nada além da dor de varrer este chão, pra longe, longe daqui” (trecho de Alento).
No vídeo abaixo a interpretação de Alento.
No ano de 2023, a Escola de Música da Universidade de São Paulo (USP), assim como a Academia Livre de Música e Arte (ALMA) e a Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) produziram recitais durante o mês de junho, com o objetivo de recolher doações para auxílio dos afetados com as fortes chuvas que acometeram a região onde fica a escola que abriga o festival, na Itália. O Festival italiano acontece também em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo e já está na sua sexta edição.
(Fonte: Cristina De Marco, assessora de imprensa)