sábado, dezembro 14, 2024

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Vício em Videogame é doença. Confira aqui um guia completo para evitá-la

Fotos: Divulgação

A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o transtorno por videogame como problema internacional e deu a ele a sigla médica de CID-11. Essa atualização não era feita desde 1990. Neste artigo, mostramos como identificar o vício em casa, os sintomas, o diagnóstico e apresentamos dez casos trágicos de morte por causa dos jogos eletrônicos.

Desde 2018 o CID-11 (Transtorno Mental por compulsão em jogos eletrônicos) é considerado como doença entre os problemas causados por jogos digitais. Este transtorno se caracteriza por um padrão de comportamento de jogo “contínuo ou recorrente” e a OMS vincula o novo transtorno a três condições negativas provocadas pelo mau uso dos jogos digitais:

  • Em primeiro lugar, por não controlar a conduta de jogo quanto ao início, frequência, intensidade, duração, finalização e contexto em que se joga.
  • Segundo, o aumento da prioridade que se outorga aos jogos em relação a outros interesses vitais e atividades diárias.
  • E terceiro, ao se manter a conduta ou ocorrer uma escalada “apesar da ocorrência de consequências negativas”, segundo o esboço atual em preparação pela OMS.

CIRCUNSTÂNCIAS
O transtorno se refere ao uso de jogos digitais ou videogames, que pode ocorrer mediante conexão com internet ou sem ela. “Os profissionais da saúde têm de reconhecer que os transtornos do jogo podem ter consequências graves para a saúde”, afirmou Vladimir Poznyak, responsável pelo Departamento de Saúde Mental e Abuso de Substâncias da OMS.

Poznyak esclarece que a maioria das pessoas que jogam videogame não sofre nenhum transtorno, o que também é o caso da maioria das pessoas que bebe álcool. Mas há circunstâncias em que o uso excessivo pode gerar efeitos adversos, de acordo com este especialista da OMS.

O padrão de comportamento deve ser de gravidade suficiente para causar uma deterioração significativa nas áreas de atuação pessoal, familiar, social, educativa, ocupacional e outras áreas importantes, explica o esboço da OMS.

“O comportamento do jogo e outras características são normalmente evidentes durante um período de pelo menos 12 meses para que se atribua um diagnóstico, embora a duração requerida possa ser encurtada se estão identificados todos os requisitos do diagnóstico e os sintomas são graves”, observa.

CELULARES
A OMS começou a avaliar esse transtorno há uma década e depois de anos de trabalho com profissionais de saúde mental decidiu reconhecer a desordem oficialmente em seu próximo manual de diagnóstico. Mas não outros supostos problemas relacionados com a tecnologia, como o vício nos celulares ou na Internet, que, desde sua irrupção, sempre estão presentes no debate público, embora nem tanto entre os especialistas.

“É preciso distinguir o que são vícios e o que é uso problemático, por exemplo, se causa danos a você ou a terceiros com essa conduta”, explica a especialista Helena Matute, referindo-se a esta nova classificação dos jogos digitais. A catedrática de Psicologia Experimental da Universidade de Deusto lembra que foi incluído o vício em jogo com apostos na última edição do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais.

“Mas dizia que era preciso mais investigação sobre esses outros problemas, como o dos jogos com várias pessoas na Internet, por exemplo”, afirma. Matute duvida que desde aquela versão do DSM, de 2013, tenha surgido literatura científica suficiente para dar esse passo.

PÂNICO MORAL
No início de 2017, quando se soube que a OMS estudava incluir os jogos digitais como possível origem de transtornos mentais, um grupo de especialistas publicou um artigo no qual criticava seriamente a ideia. “As preocupações sobre os comportamentos de jogo problemáticos merecem toda nossa atenção”, diziam, mas “não está nada claro que esses problemas possam ou deveriam ser atribuídos a um novo transtorno”.

A partir daí, apontavam suas dúvidas sobre a qualidade da base de pesquisa e a falta de consenso sobre os sintomas a levar em conta. Por isso, acreditavam que essa ideia “tem repercussões negativas em matéria médica, científica, de saúde pública e social” por causa do pânico moral que pode provocar ou a “aplicação prematura do diagnóstico na comunidade médica e o tratamento de casos falsos positivos abundantes, especialmente para crianças e adolescentes”.

Por tudo isso, concluíam que a classificação “deve ser eliminada para evitar o desperdício de recursos de saúde pública e danos aos jogadores de game saudáveis de todo o mundo”.

CASOS DE VÍCIO EXTREMO EM VIDEOGAME QUE LEVARAM À MORTE

  1. Matar aula
    Todo mundo já matou uma aula ou duas para ficar conversando com os amigos, passear no shopping ou para jogar videogames. Mas um garoto de 15 anos da Austrália com certeza passou do limite. Ele matou aula por três semanas e ficava jogando games online por mais de 16 horas por dia. Como ele fez isso? Ele vestia o uniforme e dizia para a mãe que ia para a aula, mas assim que ela saía para trabalhar, ele ia para frente do PC. A desculpa que ele deu na escola foi que ele havia passado por uma cirurgia. Seus pais só descobriram a farsa quando a diretora da escola ligou para perguntar como ele estava.
  2. Garoto que queimou o colega
    Quantos de nós já nos metemos em uma briguinha com um colega de sala? Só que um garoto de Pequim, viciado em World of Warcraft, acreditou realmente que se tornou um Mago especializado em fogo e queimou o colega com quem estava brigando.
  3. Sessão de Starcraft de 50 horas de duração
    Alguns já viraram uma noite em um campeonato de videogame com os amigos, mas um homem da Coréia do Sul virou três noites jogando Starcraft. Depois de 50 horas seguidas de jogo, ele teve um colapso e seu coração parou. Acredita-se que ele morreu por exaustão, já que parava apenas para ir ao banheiro e para dar alguns cochilos.
  4. Suicídio por causa de um jogo
    Em dezembro de 2004, o chinês Xioyi, de 13 anos, escreveu uma carta dizendo que queria se unir aos heróis do jogo que ele tanto adorava. Então ele se jogou de um prédio depois de uma sessão de 13 horas seguidas de World of Warcraft. Os pais do menino processaram a empresa fabricante do jogo.
  5. Menina morreu por negligência dos pais
    Uma menina sul-coreana de três anos morreu porque seus pais preferiram cuidar de uma menina virtual do que dela. O jogo nos quais eles ficaram viciados era o Prius Online, similar ao Second Life. Eles saíram para uma sessão de 12 horas de jogo em uma lan house e deixaram a filha sozinha. Quando voltaram, ela estava morta.
  6. Os gêmeos que morreram por negligência
    Outro caso de pais viciados – um homem deixou seus filhos gêmeos na banheira e foi jogar GameBoy. Quando voltou, os bebês haviam se afogado. Ele irá passar 10 anos na prisão por assassinato “involuntário”.
  7. Homem foi esfaqueado até a morte
    Qiu Chengwei esfaqueou Zhu Caoyuan até a morte depois que Caoyuan vendeu a espada virtual de Chengwei. Caoyuan havia oferecido o dinheiro para Chengwei, mas este se arrependeu e esfaqueou o amigo até a morte.
  8. Adolescente mata mulher por dinheiro para jogar
    No Vietnã, um menino de 13 anos foi preso depois de roubar 6,20 dólares e matar uma velhinha de 81 anos. Ele confessou ter feito isso porque precisava de dinheiro para jogar um game online. Depois de tê-la estrangulado ele a enterrou em um terreno cheio de areia.
  9. Adolescente mata a mãe para jogar Halo 3
    Daniel Petric, de 17 anos, matou sua mãe depois que ela não deixou que ele jogasse Halo 3. Ele entrou no seu quarto, pediu que ela fechasse os olhos. Disse “eu tenho uma surpresa pra você” e atirou bem entre os olhos dela.
  10. Suicídio por RPG online
    No dia de Ação de Graças nos EUA Shawn Woolley cometeu suicídio. De acordo com a mãe do garoto foi por causa do jogo de RPG online Everquest. Já a Sony, fabricante do jogo, disse que nada no game poderia ter motivado isso. A morte de Shawn ainda causa debate hoje. [Listverse]

SINTOMAS DE VÍCIO EM JOGOS ELETRÔNICOS
Hoje, os jogos eletrônicos são cada vez mais comuns e figuram entre as atividades de lazer predileta de muitas pessoas, o que não necessariamente implica em um problema. Modalidades como a de eSports, com destaque a jogos tais quais Dota e League of Legends, têm virado, inclusive, profissão para alguns de seus membros mais talentosos.

O uso exagerado de quaisquer uma dessas opções, todavia, associado a sintomas como agressividade, problemas com sono, atos impulsivos, ansiedade e depressão requer atenção.

Quem tem vício em games, afinal, deixa de lado suas atividades do dia a dia para que consiga passar mais tempo a jogar. O hábito, assim, compromete, aos poucos, vida social, trabalho, estudos e realização de rituais de higiene pessoal. Tomar um simples banho ou escovar os dentes, por exemplo.

DIAGNÓSTICO
O diagnóstico do vício em jogos eletrônicos é feito por psiquiatra. O reconhecimento do vício enquanto um dos transtornos presentes no CID-11, desse modo, incentiva que mais médicos se debruçam sobre o tema e proponham métodos de tratamento eficazes para ele.

Durante a consulta, o profissional faz questionamentos, observa os sintomas e, nesse caso, também podem identificar quaisquer outros transtornos apresentados pelo paciente.

Em se tratando da dependência de jogos, vale mencionar que há chances de se encontrar predisposição genética para alimentar a necessidade dos mecanismos neurológicos de recompensa do cérebro, satisfeita pelo comportamento compulsivo com games. O fato é mais comum em crianças e adolescentes, que ainda estão em desenvolvimento.

As demais, condições psicológicas também podem contribuir com o transtorno, tais quais dificuldade de se controlar, depressão, timidez, ansiedade, dificuldade de se relacionar socialmente e busca da internet e dos jogos como fuga da realidade.

Assim que o diagnóstico for concluído, o psiquiatra recomenda ao paciente o tratamento mais adequado para seu caso.

COMO TRATAR VÍCIO EM JOGOS ELETRÔNICOS
O tratamento àqueles que apresentam essa dependência costuma ser adaptado de outros transtornos e vícios, como de dependência química. Em casos de outras doenças com sintomas agravados, como ansiedade e depressão, podem ser prescritos ansiolíticos e antidepressivos.

Além disso, para todos os casos, a psicoterapia é a principal medida. Nela, juntamente a um psicólogo com quem desenvolve confiança, o paciente aprende a lidar com suas emoções e compreende o que o leva a ter tanta obsessão pelos jogos.

Para controle da fissura, é interrompido o contato com os jogos, o que pode causar sensações de abstinência, irritabilidade e comportamento violento. Dessa forma, o apoio da família e dos amigos entra como uma força para o indivíduo sensibilizado.

MEDITAÇÃO
A fim de substituir o lazer, os profissionais da saúde recomendam a substituição por outras atividades, como a prática de esportes, meditação, aulas de música ou de quaisquer opções culturais que não envolvam o contato com telas das quais seja possível jogar.

Com o tempo, a tendência é que vício em jogos eletrônicos seja tratado e se torne mais viável, aos poucos, uma reaproximação dos jogos, mas sem uso prolongado. Por meio das novas escolhas de lazer e dos hábitos voltados aos cuidados com a saúde, a recomendação é que o tempo a jogar não exceda mais o período de três horas em um dia, deixando que cada indivíduo invista mais tempo em si e em seu convívio social.

Fonte: El País, OMS E Hospital Santa Mônica (SP)

 

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