“Se um dia tiver que sair, nunca será por causa disso” disse o treinador português em entrevista ao Esporte Espetacular, neste domingo. Técnico afasta boatos de que vive com medo na cidade e voltará para Portugal. Porém, ele não descarta ir embora se não tiver autonomia para trabalhar
Em lua de mel com Jorge Jesus, a torcida do Flamengo ficou preocupada no mês passado, quando o jornalista português Rui Santos, comentarista do canal de televisão “SIC Notícias” em Portugal, afirmou que o treinador deixará o Brasil e o Rubro-Negro no início de 2020, incomodado com a violência no Rio de Janeiro. Questionado sobre o assunto em entrevista coletiva, o “Mister” alegou que não poderia comentar sobre algo que não foi ele quem disse.
A resposta, apesar de não confirmar, também não negava completamente o boato… Até esta semana. Em entrevista exclusiva ao Esporte Espetacular, que vai ao ar neste domingo na TV Globo, Jesus foi categórico e afirmou que nunca saíra do Flamengo por causa da violência no Rio. O técnico admitiu receber alguns conselhos sobre segurança, mas disse que não presenciou nada perigoso.
FIM DO MUNDO
“Eu não quero ser o transmissor de coisas que eu não vejo. Mas é o que se fala: “Mister, não ande com relógio, não ande com colar”… Mas não quero falar disso porque me sinto normal, me sinto bem. Mas aquilo que se fala lá fora é o fim do mundo. Se um dia eu tiver que sair do Flamengo, nunca será por causa disso. Nunca! Porque esses problemas, se eles existem, eu estou lá para combater. Eu não saio, estou lá”, garantiu o treinador, que já se vê adaptado à cidade.
“Tenho me adaptado bem, minha vida é fácil. É CT, Ninho, e minha casa. De noite vou jantar, vou para casa…Esta é minha vida. Também fazia assim em Portugal. Só que lá, nas horas de lazer, encontrava com meus amigos. Aqui é muito longe, às vezes anda uma hora, uma hora e meia de carro. Em Portugal, para andar uma hora e meia de carro, chego em Coimbra, no meio do país (risos). Tudo é diferente”, comparou.
SEQUESTRO
Quando houve o sequestro de um ônibus na Ponte Rio-Niterói no mês passado, Jesus acompanhou pelo noticiário e procurou saber detalhes sobre o local e o ocorrido, mas internamente no clube não viram isso como um temor por parte do treinador português. Por outro lado, ele não descartou deixar o Flamengo por outras razões, entre elas o fato de sofrer influência externa no futebol e não ter autonomia para trabalhar.
“Sou capaz de sair por outras coisas muito, muito, muito mais fáceis. Que tem a ver com a minha decisão de treinador. Quem trabalha comigo sabe como eu sou. Eu decido. O clube não é meu, tem um presidente acima, uma administração, mas na equipe sou eu que mando. E quando há qualquer coisa que não é como quero, eu (bate na mão) vou embora”, disse Jesus.
Jesus assinou contrato até junho de 2020 com o Flamengo e, em pouco mais de dois meses, vem se destacando no país: é líder do Campeonato Brasileiro e classificou o time para a semifinal de Libertadores depois de 35 anos. Na entrevista para o Esporte Espetacular, o treinador falou sobre seu rápido sucesso; suas referências na carreira; a “cartilha do Mister”; comparação com o futebol europeu, entre outros temas.