
O brutal assassinato de três crianças e duas mulheres ocorrido nesta terça-feira, 4, na Escola Infantil Pró-Infância Aquarela na pacata cidade de Saudades repercutiu nas falas dos deputados estaduais nas duas últimas sessões na Assembleia Legislativa. O efeito da ação sem precedentes em Santa Catarina provocou discussões sobre a segurança em escolas e creches, o uso e a compra de armas, e até mesmo a pena de morte no Brasil. Em todas as falas, há um ponto em comum: a emoção dos parlamentares, impactados com os crimes bárbaros cometidos pelo jovem Fabiano Kipper Mai, de apenas 18 anos.
Experiente representante da área da segurança pública, o destacou que o perfil psicológico do assassino deve ser levado em conta. “Adagas não matam, quem mata são as pessoas. Certamente dentro do seu computador teremos respostas. Ele chegou a perguntar quantas pessoas tinha matado. Parece que ele tinha um desafio, então. Ou com ele mesmo ou com outras pessoas. Tudo precisa ser investigado”, ressaltou. “E a sorte é que ele completou 18 anos, senão ficaria apenas três meses apreendido. Nossa lei é injusta e precisa ser revista”, disse, se referindo ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
“Temos de admitir que há um problema em uma sociedade extremamente violenta. Talvez possamos restringir o porte de armas? Podemos. E o porte de facão? Esse porte todos têm. Temos que evitar videogames? Sim, porque parece que o assassino gostava de videogames”, reforçou Silvio Dreveck (PP).
“O sentimento que temos é de impotência. O ódio está muito impregnado no meio da sociedade. A gente sente uma dor muito mais profunda pelas crianças”, reconheceu Ada de Luca (MDB). Mas radical, o deputado Ivan Naatz (PL) defendeu a discussão sobre a pena de morte. “Por que não abrir essa discussão. Esse rapaz ficará gerando só despesa para o Estado”, disse.

VELÓRIO
Presidente da Comissão de Educação da Alesc, a deputada Luciane Carminatti (PT) acompanhou o velório coletivo. “Levei a solidariedade da Alesc aos familiares Eu senti naquela hora o quanto estamos reféns de situações como essa. A gente precisa repensar a segurança das creches das escolas, uma discussão que já vem de 2019 com o caso de Suzano. Mas isso não basta, temos que olhar também onde estão nossos jovens, o que estão fazendo, como está o ciberespaço, o submundo das vendas pela internet, que agora terão investigação. Como ele comprou essa adaga?”.
OXIGÊNIO HOSPITALAR
Deputados catarinenses aprovaram por unanimidade, nesta quarta-feira, 5, lei que isenta de imposto a compra e o transporte de oxigênio hospitalar, utilizado em casos mais graves da Covid-19. Agora a proposta segue para sanção do Governo do Estado. No mês passado, Santa Catarina também zerou a alíquota de ICMS – que era de 17% – para compra direta de vacinas caso municípios e iniciativa privada consigam adquirir o imunizante no futuro. “Estamos observando a dificuldade de hospitais, tanto privados como filantrópicos e públicos, de conseguirem insumos. Em SC, além de termos empresas do setor, também temos uma grande estrutura de importação”, acrescentou o deputado Milton Hobus (PSD), autor da lei.
PARDAIS
Na sessão desta quarta-feira, 5, na Assembleia Legislativa, o debate de uma moção do deputado Moacir Sopelsa (MDB) sobre cortes federais para a infraestrutura rodoviária, o deputado Fabiano da Luz (PT) saiu com essa: “Aqui esqueceram verbas para estradas, só investem em pardais. Já me dei o trabalho de contar: de Florianópolis a Pinhalzinho, 580 quilômetros, tem 38 pardais e muitos, muitos buracos. Se escapa do buraco, cai no pardal”, disse, protestando contra o que chamou de indústria de multas.
MILITARES
Uma comissão mista de deputados na Alesc, aprovada nesta quarta-feira, 5, vai elaborar uma fórmula para progressão de carreira para a Polícia Militar e Bombeiros. O relatório será enviado ao governo do Estado em forma de proposta, pois este tipo de matéria é prerrogativa do Executivo. O deputado Sargento Lima (PL), que requereu a comissão, diz que a ideia é criar critérios claros para promoções de militares. Segundo ele, a cúpula da PM concorda que devem ocorrer mudanças. O grupo tem 60 dias para apresentar o relatório.