sexta-feira, outubro 4, 2024

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Quase metade dos times da Série A já trocou de técnico

A uma semana do começo do Brasileirão, oito dos 20 clubes já passaram por mudanças no comando – três só neste domingo, ainda no vestiário, por perderem clássicos

O Brasileirão de 2019 começa no próximo sábado. Seis dias antes, três dos 20 clubes do campeonato (15% deles) demitiram seus treinadores. Eles caíram, em grande parte, porque cometeram um pecado mortal: perderam para rivais – e pouco importa que tenha sido em campeonatos muito menores do que aquele que começa no sábado.

Alberto Valentim (Vasco), Lisca (Ceará) e Maurício Barbieri (Goiás) foram demitidos no comecinho da noite deste domingo, sem cerimônias, recém-saídos de clássicos contra Flamengo, Fortaleza e Atlético-GO. Na prática, foram guilhotinados por dirigentes que usaram o fracasso como argumento para mandá-los embora (e que teriam agido diferente no caso de título, porque aí, em um efeito mágico, estaria tudo bem).

Vasco, Ceará e Goiás se juntam a cinco clubes da Série A que também trocaram de treinadores nos primeiros quatro meses do ano, quando os estaduais esquentam os motores da temporada em meio aos primeiros jogos de Libertadores e Copa do Brasil. Os outros foram Atlético-MG, Bahia, Botafogo, Chapecoense e São Paulo.

É só mais uma temporada regular no Brasil: 40% dos clubes da Série A mudaram de técnico antes mesmo do início do Brasileirão, no período (ou por causa) dos estaduais.

Barbieri é um caso emblemático: saiu do Goiás com 73% de aproveitamento e apenas 21 jogos. Perdeu quando não podia: os dois jogos da final para o Atlético-GO (3 a 0 e 1 a 0) – e já tinha caído para o CRB na Copa do Brasil.

Em geral (não foi o caso de Levir Culpi no Atlético-MG e não foi totalmente o caso de André Jardine no São Paulo), os demitidos foram vitimados por máquinas moedoras de treinadores – os estaduais, aqueles campeonatos que são valorizados quando conquistados e diminuídos quando perdidos.

O impacto de torneios regionais se explica pelo tanto que a emoção soterra a razão no futebol brasileiro. São neles que os clássicos ficam mais evidentes. Derrotas em clássicos geram irritação, irritação gera pressão, e a pressão cai no colo do lado mais amador do futebol brasileiro – os dirigentes. E aí dirigentes demitem treinadores.

A questão é que os estaduais importam. Talvez não devessem, talvez fosse melhor se não importassem, mas importam. Afinal, quantos clubes efetivamente conseguem deixar os regionais de lado, como faz o Athletico-PR?

Há quem só os abandone no discurso. No ano passado, depois de toda a polêmica da final do Paulistão, em que alegou interferência externa no clássico contra o Corinthians, o Palmeiras passou a diminuir o torneio regional, classificando-o como “Paulistinha”. Veio 2019, e o clube, campeão brasileiro meses antes, foi eliminado nas semifinais do Paulistão para o São Paulo, nos pênaltis. Antes do jogo seguinte, torcedores arremessaram pedras no ônibus que transportava o elenco para um jogo… da Libertadores, na qual o Palmeiras tem 75% de aproveitamento em seu grupo.

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