Produzir mais alimentos, de forma mais responsável e sustentável, para atender aos mercados mais exigentes do mundo. Essa é a proposta do AgroConsciente, nova diretriz do Governo de Santa Catarina na elaboração de políticas públicas e ações voltadas para o setor agropecuário. O programa foi apresentado nesta quarta-feira, 20, pelo governador Carlos Moisés e pelo secretário de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural, Ricardo de Gouvêa, durante as comemorações dos 28 anos da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), em Florianópolis.
A partir de agora, Santa Catarina terá um alinhamento de programas já existentes para que atendam à nova diretriz e também ao desenvolvimento de ações que oportunizem mais renda ao produtor rural, ofereçam segurança alimentar à população e minimizem os impactos ao meio ambiente.
“Precisamos fazer com que a produção mais consciente chegue a todos os lugares. Essa ação é de respeito não só à terra e ao ar, mas ao agricultor, àquele que está todo dia no campo se expondo. Não significa banir o uso de defensivos agrícolas, mas é um incentivo à tecnologia e à pesquisa para que o nosso produtor tenha condição de se proteger e trazer alimentos seguros à mesa do consumidor, com mais valor agregado. Nosso estado será uma referência no cenário nacional e internacional na produção rural equilibrada e sustentável”, projetou Carlos Moisés.
O secretário da Agricultura Ricardo de Gouvêa explica que o termo AgroConsciente é um compromisso de todo o setor para que haja mais responsabilidade na produção de alimentos e isso envolve todos os elos da cadeia produtiva. “Não estamos falando apenas orgânicos. Nossa intenção é envolver todo o agronegócio, aqueles que produzem alimentos de forma convencional, os pecuaristas e os produtores de grãos. Queremos que essa seja uma marca agrocatarinense, que reforce nosso compromisso de produzir alimentos de qualidade capazes de abastecer os mercados mais exigentes mundo”, ressalta.
SISTEMA ORGÂNICO DE PRODUÇÃO DE TOMATE
Um dos exemplos que o AgroConsciente pretende apostar foi o Tomatorg, um sistema orgânico de produção de tomate desenvolvido pela Estação Experimental da Epagri em Itajaí (EEI). Ele foi apresentado também nesta quarta-feira, 20, durante a programação de aniversário 28 anos da Epagri, celebrado em todo o estado.
“É um divisor de águas na produção orgânica de tomates em Santa Catarina. Escolhemos o tomate por ser a cultura mais difícil de ser produzida. Aqui tem 20 anos de pesquisa e desenvolvimento”, destacou o pesquisador Rafael Morales, coordenador da equipe que trabalhou no projeto.
O sistema agrega todas as práticas culturais necessárias para a correta produção de tomates orgânicos no Litoral Norte catarinense, entre elas produção em abrigos, adubação com base em composto orgânico, enxertia, uso de biofertilizantes e de agentes de controle biológico.
Estudo elaborado pela Epagri comprovou que, na comparação com o sistema convencional, a adoção do Tomatorg reduz custos e aumenta o lucro líquido do produtor. No experimento realizado, ficou demonstrado que o custo de produção por planta pode cair de R$ 4,58 no sistema convencional para R$ 3,38 no Tomatorg. Como consequência, o lucro líquido do produtor que aderir ao sistema orgânico criado pela Epagri aumenta em 2,7 vezes.
OUTRAS AÇÕES
Com o AgroConsciente, os programas da Secretaria da Agricultura e de suas empresas vinculadas – Epagri, Cidasc e Ceasa – passarão por mudanças significativas. A nova diretriz prevê ações na geração e na difusão de tecnologias; políticas públicas potencializadoras de ações em produção agroconsciente; revisão de legislações; fiscalização do uso irregular de agrotóxicos; capacitação de produtores e profissionais; difusão da rastreabilidade na produção vegetal com o Programa e-Origem e apoio à comercialização de produtos agrícolas, em especial os alimentos orgânicos.
A assistência técnica executada pela Epagri terá atividades específicas para incentivar a agrobiodiversidade, com o resgate e manutenção de sementes, ervas, plantas e alimentos tradicionais e na conservação do solo e da água. A empresa terá também três novos Centros de Referência Tecnológica: produção de leite a pasto (Campos Novos), fruticultura temperada (Videira) e boas práticas em bovinos de corte (Tubarão).
Na área da pesquisa, serão contempladas tecnologias homeopáticas e fitoterápicas para produção em base ecológica; a implantação da produção integrada de banana; boas práticas para produção de milho e soja; biofertilizantes; desenvolvimento de sistemas integrados de produção agrícola e análise do mercado de produtos orgânicos.
POLÍTICAS PÚBLICAS
Os tradicionais programas da Secretaria da Agricultura, que apoiam os investimentos e melhorias no meio rural catarinense, possuem agora linhas especiais para incentivo à produção agroconsciente.
Com o Menos Juros, os agricultores e pescadores contam com financiamentos de até R$ 100 mil, com o subsídio de juros de 2,5% e um prazo de 8 anos para o pagamento. Os investimentos podem ser utilizados para captação, armazenagem e distribuição de água para consumo humano e animal; energias renováveis ou inovação e produção limpa.
O Programa de Fomento à Produção Agropecuária traz um limite de financiamento de R$ 30 mil para melhoria de sistemas produtivos e de R$ 40 mil para agregação de valor. A linha não tem juros e os produtores têm 5 anos de prazo para pagamento.
O Programa Terra-Boa este ano conta também o projeto piloto Kit Solo Saudável, que libera conjunto compostos por sementes de, ao menos, duas espécies ou cultivares de plantas para adubação verde e insumos. Os produtores seguem a orientação técnica da Epagri para o uso em SPDH – Sistema de Plantio Direto de Hortaliças e na Cobertura Verde de Pomares. O valor do kit é de cerca de R$ 2 mil e o produtor tem dois anos de prazo para pagamento, com parcela anual. Se o pagamento for único, haverá subvenção de 60% sobre o valor da segunda parcela.
SOBRE A EPAGRI
A Epagri foi fundada em 20 de novembro de 1991, com a fusão entre a Acaresc, até então responsável pela extensão rural, a Acarpesc, que respondia pela extensão pesqueira, e a Empasc, que fazia a pesquisa agropecuária. A essas entidades se uniram outras que formaram a Epagri.
O estado catarinense foi o primeiro a reunir numa empresa os serviços de pesquisa agropecuária e extensão rural. A partir desta iinovação se construiu uma história de sucesso. Hoje, a Epagri é referência nacional e internacional em pesquisa e extensão rural.
“É um momento de comemoração não só para quem está hoje na ativa, mas por todos que fizeram parte dessa história. Até hoje o Estado de Santa Catarina é um dos únicos que unem pesquisa e extensão na mesma empresa. Somos o braço do governo na casa de cada um dos agricultores”, ressalta a presidente da Epagri, Edilene Steinwandter.
Fonte Secom