
Morre o sambista Nelson Sargento, aos 96 anos, em decorrência da covid-19. Ele é responsável por alguns dos maiores sucessos do gênero, como “Agoniza, Mas Não Morre” e “Primavera (As Quatro Estações)”, o vitorioso samba enredo da Mangueira no Carnaval de 1955
Nelson Sargento morreu nesta quinta-feira, dia 27 de maio, aos 96 anos, no Rio de Janeiro, em decorrência da covid-19. Segundo a assessoria do artista e do Instituto Nacional do Câncer (INCA), a morte do sambista aconteceu por volta das 10h45 (horário de Brasília). Ele já tinha tomado as duas doses da vacina.
“Apesar de todos os esforços terapêuticos utilizados, o óbito ocorreu às 10h45 minutos dessa quinta-feira, 27 de maio de 2021”, diz o Boletim Médico do artista, divulgado pelo hospital. Nelson (Sargeno) Matos era paciente do INCA desde 2005, quando foi diagnosticado e tratado câncer de próstata. Ele foi internado com covid-19 na última sexta-feira, dia 21.
Versátil, Nelson Sargento teve uma das carreiras mais inspiradas do samba. Uma de suas mais famosas composições é “Agoniza Mas Não Morre”, que teve os primeiros versos entoados por ele quando recebeu a primeira dose da vacina contra a Covid, em janeiro deste ano: “Agoniza mas não morre/Alguém sempre te socorre/Antes do suspiro derradeiro.”
APELIDO
Ao lado de Alfredo Português, em 1955, Sargento escreveu “Primavera”, samba-enredo da Mangueira que também ficou conhecido como “As Quatro Estações” (“Oh! primavera adorada/Inspiradora de amores/Oh! primavera idolatrada/Sublime estação das flores”). Até hoje, muitos consideram este um dos sambas mais bonitos de todos os tempos.
O apelido militar surgiu em 1942. Naquele ano, Nelson Matos tinha chegado à ala de compositores da Estação Primeira de Mangueira, por intermédio de Alfredo Português e Carlos Cachaça. Como ele não tinha um nome artístico e havia sido sargento no Exército, os amigos o batizaram de Nelson Sargento.
CINEMA
Outros sambas feitos por ele são “Cântico à Natureza”; “Encanto da Paisagem”; “Falso Amor Sincero”; “Século do Samba” e “Acabou Meu Sossego”. Considerado como “a voz elegante da Mangueira”, Nelson Sargento teve seus sucessos interpretados e gravados por outros artistas como Paulinho da Viola, Chico César, Elton Medeiros, Criolo, entre outros.
Entre seus parceiros de composição musical, estão Cartola, Carlos Cachaça, Darcy da Mangueira, João de Aquino, Pedro Amorim, Daniel Gonzaga e Rô Fonseca. Ele também atuou em três filmes, como ator e compôs trilha sonora para cinema de um deles, inclusive arrebatando um Kikito, em Gramado, pelas músicas do curta “Nélson Sargento da Mangueira” de Estêvão Pantoja. Autor, Nelson Sargento deixou dois livros, “Prisioneiro do Mundo” e “Um certo Geraldo Pereira”.
Com informações de G1, O Globo e UOL.