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Municípios precisam repensar e planejar o futuro da Educação por Aristides Cimadon

Em 25 de agosto de 2020 Joaçaba completa 103, Herval d´Oeste 67 e Luzerna 25 anos. Confesso que minha razão não consegue conceber por que três municípios. Já ao completar o primeiro ano de emancipação, Joaçaba viu a pandemia da gripe espanhola que dizimou milhares de pessoas. O sofrimento da época foi maior que em dias atuais.

Passados 100 anos, estamos em meio à pandemia da covid-19. Há uma mudança de vida em todas as cadeias produtivas, bem como nos hábitos das pessoas e da sociedade. A educação e a tecnologia aparecem como diferencial para o enfrentamento da pandemia. Mas como enfrentá-la com uma qualidade de ensino que entristece a todos os bons educadores? Em nossas cidades nada é muito diferente do restante do País. Embora tenhamos alguns diferenciais, em matéria de educação básica, pouco ou quase nada se evoluiu.

A pandemia fechou as escolas básicas, de educação infantil, creches e universidades. Com filhos em casa, as famílias tiveram que se reestruturar, e as escolas precisaram se reinventar. A educação pública, com raras exceções, pouco afeita às mudanças tecnológicas, demorou a encontrar novos caminhos pelo ensino remoto. Os professores passaram a ter significado relevante para inúmeras famílias e crianças estudantes.

Há um estudo importante de Diamond (2010) chamado de Colapso – como as sociedades escolhem o sucesso ou o fracasso.  Dele devo mencionar ao menos uma de suas observações detalhadas: “Difícil e doloroso abandonar alguns valores fundamentais quando estes começam a se tornar incompatíveis com a sobrevivência. Até que ponto nós, como indivíduos, preferimos morrer em vez de nos adaptarmos e sobreviver? Milhões de pessoas nos tempos modernos de fato enfrentaram a decisão de, para salvar as próprias vidas, trair amigos e parentes, aquiescer com uma ditadura vil, viver como escravos ou fugir de seus países. As nações e as sociedades às vezes têm de tomar decisões similares coletivamente.” (DIAMOND, 2010, p. 517).

Estudando os fenômenos das pandemias, como se lê em Colapso, e vivendo a covid-19, pode-se concluir que ela não significa o Juízo Final do fim da humanidade, nem uma apocalíptica destruição das estruturas sociais. Mas, certamente, promoverá mudanças e declínio nos padrões de vida de grande parte da população. Ao mesmo tempo criará oportunidades, criatividade, inovação e brutais mudanças no modo de ser, fazer e viver. Aqueles mais preparados certamente terão vantagens em todos os sentidos da vida, inclusive com oportunidade de viver mais e melhor.

Certamente, em um momento como este, o fracasso ou o sucesso das pessoas talvez esteja em saber discernir em quais valores fundamentais se apegar e quais descartar. Na pandemia, aflora tudo o que é supérfluo ou que dificulta sobreviver. Estruturas que as organizações sociais consideravam perenes podem ruir.

Em meio às turbulências, as velhas estruturas começam a ruir. É o caso da burocrática e difícil estrutura da educação que insiste em velhas ideologias que pouco ou nada têm contribuído para a melhoria da qualidade de vida dos brasileiros.

Sem dúvida, a Pandemia Covid-19 modificará as condições da educação, das estruturas escolares e clamará por professores com novas habilidades. Os professores e as escolas necessitarão rever seus métodos, suas estruturas, e os professores deverão buscar, para sua sobrevivência, aperfeiçoar-se em habilidades de comunicação remota e tecnológica. As pequenas escolas deverão fechar suas portas, e os centros educacionais, atendendo a vários municípios, passarão a ser sonhados e implementados. A educação em tempo integral, com fundamento na teoria da aprendizagem experimental, será a tônica do futuro.

Os municípios precisam, neste momento, planejar o futuro e repensar o modelo ultrapassado das pequenas escolinhas sem estrutura, para redimensionar espaços físicos, tecnologia e, sobretudo, a formação de seus professores.

Aristides Cimadon, reitor da Unoesc.

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