quinta-feira, maio 2, 2024

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“É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”

Foto Arquivo Pessoal

Depois de um 2020 avassalador na vida de todos, chegou a hora de olharmos para dentro de nós mesmos e celebrar este Natal como Tempo de Agradecer.

Rodrigo Leitão

Definitivamente, este ano não foi igual àquele que passou. Este ano, aliás, está sendo, talvez, o pior ano dos restos de nossas vidas. Dificilmente, e se Deus assim quiser, teremos um período deste novamente. Então, vamos lá: “Tente outra Vez!”

Jamais pensei que viveria um período tão sinistro em minha vida. Pensei que já tinha visto de tudo nesses meus 56 anos. Eu vi a guerra de perto, no Golfo Pérsico, vi miséria e pó, cidades inteiras e famílias inteiras devastadas, destroçadas, arruinadas. Perdi amigos para a Aids, parentes para o câncer. Sobrevivi a três graves acidentes de carro, a duas pneumonias, a uma parada cardiorrespiratória, mas confesso que desta vez eu tive mais medo que em todas as outras. Até por que, nas minhas tragédias pessoais anteriores, fui pego de surpresa, não esperava o que ocorreu.

Desta vez não. Nessa pandemia, além do risco gravíssimo de se contrair a Covid-19, vivemos um elevado grau de estresse provocado pela ansiedade sobre algo que estava bem ali, pertinho e que a gente tinha que evitar a todo custo. Porque sabíamos, querendo ou não, se cuidando ou não, que poderíamos morrer se contraíssemos o vírus. Eu, particularmente, como três comorbidades (asma, diabetes e hipertensão) entrei em parafuso. Surtei de verdade pelo pavor de pegar essa praga. E acabei pegando. E contaminei todos aqui dentro de casa. Mas consegui superar a doença com sintomas medianos e sem precisar ir para o hospital. Todos ficamos bem, após 10 dias de repouso e medicação.

Então, por pior que tenha sido o ano de 2020, temos muito a agradecer. Mesmo tendo perdido familiares e amigos de infância para essa doença, mesmo vendo ex-colegas de trabalho e de faculdade definhando em UTIs por mais de dois meses, e muitos perdendo a luta para o coronavírus, é tempo de agradecer sim.

O Brasil tinha lastro, fundo de reserva, cujos recursos puderam ajudar cerca de 60 milhões de compatriotas a comer e sobreviver a esse caos. Sobrevivência, sobreviver… Isso mesmo, foi isso que fizemos em 2020: sobrevivemos! Tudo com muita fé, autopreservação, resiliência e solidariedade. Nós aprendemos a ser mais gente este ano do que em todos os outros anos de nossas vidas. Me pareceu, por minha crença no bom Deus, que ele estava mandando um recado: “Ou vocês se consertam ou o bicho vai pegar de verdade!” Foi assim que encarei tudo isso.

Hoje, livre do perigo e mais próximo da vacina que já se vislumbra, acredito que um mundo novo vá se abrir para todos, em todos os segmentos. Que governantes vão entender que pessoas não são números, que do município à União devemos prestar atenção em todos, brancos e pretos, vermelhos e amarelos e que não podemos e nem devemos tapar mais o Sol com a peneira. ACABOU! É hora de recomeçar, em todos os sentidos.

Vejo uma lição em tudo isso, que é a caixinha quebrada, o quadrado rompido e a zona de conforto desequilibrada. E desta vez não vamos precisar juntar caquinhos! Tivemos que aprender, por mau, que é “preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”. Que somos iguais aos nossos pais e que devemos agradecer sempre, por estarmos vivos, por podermos amar, respirar, se abraçar e se ver.

Rodrigo Leitão é jornalista, escritor, compositor e promotor de eventos. Autor do site e blog Gourmet Brasília e do livro “Dicas Para Harmonizar Vinhos – Guia Prático Para Combinar Pratos Doces e Salgados”.

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